segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Colheita (Rabindranath Tagore)



A Colheita 

XXII 


Esta manhã de outono já se cansou de tanta luz.

Se as tuas canções se tornaram vacilantes e lânguidas,

dê-me um pouco a tua flauta. 




Brincarei com ela ao meu gosto.

Vou colocá-la no meu colo, depois tocá-la com

os meus lábios, e depois deixá-la

repousando na relva ao meu lado. 




Na solene tranquilidade do

entardecer colherei flores para cobri-la

com pequenas grinaldas. Vou enchê-la de

perfume e adorá-la com a lamparina acesa. 




À noite virei ao teu encontro e te

devolverei a tua flauta. Então nela soprarás

a música da meia noite, enquanto a

solitária lua crescente vagueia em meio às estrelas. 

Rabindranath Tagore

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