A Colheita
XXII
Esta manhã de outono já se cansou de tanta luz.
Se as tuas canções se tornaram vacilantes e lânguidas,
dê-me um pouco a tua flauta.
Brincarei com ela ao meu gosto.
Vou colocá-la no meu colo, depois tocá-la com
os meus lábios, e depois deixá-la
repousando na relva ao meu lado.
Na solene tranquilidade do
entardecer colherei flores para cobri-la
com pequenas grinaldas. Vou enchê-la de
perfume e adorá-la com a lamparina acesa.
À noite virei ao teu encontro e te
devolverei a tua flauta. Então nela soprarás
a música da meia noite, enquanto a
solitária lua crescente vagueia em meio às estrelas.
Rabindranath Tagore
Nenhum comentário:
Postar um comentário