sexta-feira, 29 de julho de 2011

Orar é afirmar com intensidade dentro da mente... (Seicho Taniguchi)









"Orar é afirmar com intensidade dentro da mente. 
 
É proclamar com vida, é declarar. 
 
Desejar não é suficientemente forte. 
 
Pedir 'Por favor, realize tal desejo' também é fraco. 
 
Declarando com intensidade, a oração aciona a mobilização para a concretização do desejo."

Seicho Taniguchi




quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cada criança morta de fome é assassinada... (Jean Ziegler)



 











Estatísticas da ONU informam que a agricultura mundial, como é hoje, poderia alimentar com 2700 calorias/dia, 12 bilhões de seres humanos, ou seja o dobro da atual população mundial. Por isso, pode-se dizer que cada criança morta de fome é assassinada. 

Jean Ziegler, 
sociólogo, professor, SUI










quarta-feira, 27 de julho de 2011

SEGREDOS (CASIMIRO DE ABREU)

 
 
  
Eu tenho uns amores - quem é que os não tinha
Nos tempos antigos? - Amar não faz mal;
As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.
- A flor dos meus sonhos é moça e bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar,
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
Não quero, não posso, não devo contar!

Seu rosto é formoso, seu talhe elegante,
Seus lábios de rosa, a fala é de mel,
As tranças compridas, qual livre bacante,
O pé de criança, cintura de anel;
- Os olhos rasgados são cor das safiras
Serenos e puros, azuis como o mar;
Se falam sinceros, se pregam mentiras,
Não quero, não posso, não devo contar!

Oh! ontem no baile com ela valsando
Senti as delícias dos anjos do céu!
Na dança ligeira qual silfo voando
Caiu-lhe do rosto seu cândido véu!
- Que noite e que baile ! - Seu hálito virgem
Queimava-me as faces no louco valsar,
As falas sentidas que os olhos falavam
Não posso, não quero, não devo contar!

Depois indolente firmou-se em meu braço,
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Inda era mais bela rendida ao cansaço
Morrendo de amores em tal languidez!
- Que noite e que festa! e que lânguido rosto
Banhado ao reflexo do branco luar!
A neve do colo e as ondas dos seios
Não quero, não posso, não devo contar!

A noite é sublime! - Tem longos queixumes,
Mistérios profundos que eu mesmo não sei:
Do mar os gemidos, do prado os perfumes,
De amor me mataram, de amor suspirei!
- Agora eu vos juro... Palavra! - não minto
Ouvi-a formosa também suspirar;
Os doces suspiros que os ecos ouviram
Não quero, não posso, não devo contar!

Então nesse instante nas águas do rio
Passava uma barca, e o bom remador
Cantava na flauta: - "Nas noites d'estio
O céu tem estrelas, o mar tem amor!" -
- E a voz maviosa do bom gondoleiro
Repete cantando: - "viver é amar!" -
Se os peitos respondem à voz do barqueiro...
Não quero, não posso, não devo contar!

Trememos de medo... a boca emudece
Mas sentem-se os pulos do meu coração!
Seu seio nevado de amor se intumesce...
E os lábios se tocam no ardor da paixão!
- Depois... mas já vejo que vós, meus senhores,
Com fina malícia quereis me enganar.
Aqui faço ponto; - segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!


 


CASIMIRO DE ABREU

 

terça-feira, 26 de julho de 2011

E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma... (Charles Chaplin)








Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite.
 
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
 
Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por levarem a poluição.
 
Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças evitando desperdício.
 
Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.
 
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que queria ou posso ser grato por ter nascido.
 
Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalhado.
 
Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus.
 
Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.
 
Se as coisas não saírem como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
 
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
 
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
 
Tudo depende de mim.




Charles Chaplin

  
 

Quero (Carlos Drummond de Andrade)


 






 

Quero


Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.


Carlos Drummond de Andrade