segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cem Sonetos de Amor - II (Pablo Neruda)









II

AMOR,  quantos caminhos até chegar a um beijo,
Que solidão errante até sua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
Juntos desde a roupa às raízes,
Juntos de outono, de água, de quadris,
Até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
A desembocadura da água de Boroa,
Pensar que separados por trens e nações

Tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
Com todos confundidos, com homens e mulheres,
Com a terra que implanta e educa os cravos.

Cem Sonetos de Amor - Pablo Neruda


To Luthien Tinuviel, Sonya Marmeladov, Daphne ... Wonderful women of the world literature that made up the mosaic of my ideal of romantic love. My Soul Mate, I know you there and thank you for that.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ternura (Vinícius de Moraes)



Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.



Vinícius de Moraes
 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Alfajor, a solução de todas as carências :-)


Carece de doçura em sua vida?

Queria um beijo que não está ao seu alcance?

Precisa alimentar suas emoções, seu físico, e resta-lhe apenas um travesseiro para abraçar na noite escura?

Almeja um carinho que não pode dar, nem receber?

Acalenta sonhos, anseios, vontades secretas, por hora impossíveis?

Não se preocupe, para todos estes momentos existe um delicioso Alfajor! (rsrs)

MRA

E SE VOCÊ TOCAR... (A. C. H. P. S.)





E se você tocar os meus cabelos

Que seja com a ponta dos dedos,

Que seja devagar, pra não arranhar,

Não embaraçar minha vida.

Que não me deixe perdida

E nem me mostre a saída.


Porque se você tocar os meus cabelos,

Quero isso na eternidade,

Pra que seus leves dedos

Não sejam minha saudade.


(ACHPS)
Publicação do poema gentilmente autorizado pela própria autora.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O dever é uma coisa muito pessoal... (Madre Teresa de Calcutá)

O dever é uma coisa muito pessoal; decorre da necessidade de se entrar em ação, e não da necessidade de insistir com os outros para que façam qualquer coisa.


Madre Teresa de Calcutá, 
religiosa, IND, 1910-1997




quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FULMINANTE (FABRÍCIO CARPINEJAR)







Eu me planejei não me planejar. Amor para mim é doideira, descontrole, soluço de árvore na estrada. Andar de cadarços desamarrados, levar os ciscos e as ervas para a casa. Arrastar as folhas e o solo. Varrer a rua em direção à casa, em movimento inverso. Sujar a casa de mundo, de premência. 

Invejo quem programa seu casamento com antecedência, com dois ou três anos de noivado. Nunca fui assim, de fazer maquete, de brincar de casa de boneca, de planejar cada passo. Família não é uma empresa. Fali na família antes de ganhar alguma coisa. 
Invejo quem só casa após segurança financeira. Amor nunca me concedeu segurança. 

Invejo quem condiciona o enlace a uma lua-de-mel no exterior. Que seja na saúde e na doença de cara, na alegria e na tristeza de cara. 

Relâmpago não é tão bonito sem chuva. Relâmpago sem chuva pede esmola. Quero a chuva junto do clarão, o marulhar das calhas, a água nas escadas das telhas. 

Sou do amor fulminante, como um enfarte. Perder a razão. Casar na hora, em dias, esquecer que não era possível, esquecer as dificuldades, esquecer os entraves e pormenores. Não dar tempo para criar problemas. Não dar tempo para ponderar com opiniões dos próximos. Não aceitar conselhos de ressaca, decidir ébrio e arrepender-se amando. Ultrapassar-se. 

Não sei como montei minha casa. Amor junta os pertences, não reclama. Faz funcionar o que não existe. Deixo a demora para Deus, sou mesmo apressado em mim para ser lento no corpo dela. 

Invejo quem faz lista de presentes em lojas e recebe metade da casa mobiliada depois da aliança na mão esquerda. A aliança nem conheceu minha mão direita. Mal cumprimentou. Não recebi nada que está em casa, não tive poupança, fundos de investimento. Recebo os amigos. Sobrevivi, pois precisava. Não há desculpa para sobreviver. 

Invejo quem premedita o casamento, conhece os pais dela devagarinho, faz as reivindicações antes do contrato, briga por teimosia e capricho pelo tom das paredes e marca dos ladrilhos. Que escolhe a cor do cachorro para combinar com o capacho. Não consigo. 

Caso para quebrar as regras, para me aproximar no ato, para não deixar o inferno dourar a pele. Entro no primeiro apartamento e fico. Os livros já são estantes. Ponho o colchão no chão e subo devagarinho com os meses. 

Caso rápido porque nunca fui sozinho dentro de mim, porque a saliva é água potável, porque amor é urgência. Ajeita-se a vida como pode. 

Um dia a menos não será depois um dia a mais. Caso em segredo, a dois. Beijo tem muito despudor para ter medo. Não me exibo, caso. Não faço futuro, caso logo para fazer passado. 

FABRÍCIO CARPINEJAR


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo... (Fernando Pessoa)



"Dizem que finjo ou minto tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, o que me falha ou finda, é como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. Por isso escrevo em meio do que não está de pé, livre do meu enleio, sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê!"



Fernando Pessoa


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MEDO DE SE APAIXONAR (Fabrício Carpinejar)





 
Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. 
 
Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. 
 
Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. 
 
Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. 
 
Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. 
 
Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. 
 
Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. 
 
Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. 
 
Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. 
 
Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. 
 
Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. 
 
Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. 
 
Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. 
 
Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. 
 
Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. 
 
Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. 
 
Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. 
 
Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. 
 
Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. 
 
Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. 
 
Você tem medo de já estar apaixonada.





Fabrício Carpinejar


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Frases de Rabindranath Tagore



Compreendemos mal o mundo e depois dizemos que ele nos decepciona.

Onde o espírito não teme, a fronte não se curva.

Há triunfos que só se obtêm pelo preço da alma, mas a alma é mais preciosa que qualquer triunfo.

Aos que me são queridos, deixo as coisas pequenas. As grandes são para todos.

Não podes ver o que és. O que vês é a tua sombra.

Se fechar a porta a todos os erros, a verdade ficará lá fora.

Quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza.

O meu poema é a resposta da alma ao apelo do universo.

Nem por crescer em poder chegará o falso a ser verdadeiro.

O trabalho só nos cansa, se não nos dedicarmos a ele com alegria.

O único mundo da mulher é o coração do homem.

Se de noite chorares pelo sol, não verás as estrelas.

O maior vai de boa mente com o mais pequeno. O medíocre vai sozinho.

O amor é um mistério sem fim, já que não há nada que o explique.

O poder infinito de Deus não está na tempestade, mas na brisa.

Os homens são cruéis, mas o homem é bom.

A inteligência aguda e sem grandeza tudo fura e nada move.

É tão fácil esmagar, em nome da liberdade exterior, a liberdade interior.

Formosura, procura encontrar-te no amor, não na adulação do espelho.

Se choras porque perdeste o sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas.

A falta de amor é um grau de imbecilidade, porque o amor é a perfeição da consciência.

O homem mergulha na multidão para afogar o grito do seu próprio silêncio.

A noite abre as flores em segredo e deixa que o dia receba os agradecimentos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sentir primeiro, pensar depois... (Mário Quintana)





 
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois.



Mário Quintana
 


 

Muitos são os homens que falam de liberdade... (Gustave Le Bon)





Muitos são os homens que falam de liberdade, mas poucos são os que não passam a vida a construir amarras.

 
Gustave Le Bon