sexta-feira, 26 de agosto de 2011

À Espera do Amado Desconhecido (Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera")


Quem é esta mulher,
a sempre triste,
que vive no meu coração?
Quis conquistá-la mas não consegui.

Adornei-a com grinaldas
e cantei em seu louvor...
Por um momento
bailou o sorriso no seu rosto,
mas logo se desvaneceu.
E disse-me cheia de pena:
— A minha alegria não está em ti.

Comprei-lhe argolas preciosas,
abanei-a
com leques recamados de diamantes,
deitei-a em cama de oiro ...
Bateu as pálpebras
como um relâmpago de alegria
que logo se apagou.

E disse-me cheia de pena:
— Não está nessas coisas a minha alegria.

Sentei-a num carro de triunfo,
e passeei-a por toda a terra.
Milhares de corações conquistados
caíram humildes a seus pés,
e as aclamações reboaram pelo céu...
Durante um momento
brilhou o orgulho nos seus olhos,
mas logo se desfez em lágrimas.

E disse cheia de pena:
— Não está na vitória a minha alegria...
Perguntei-lhe:
— Que queres então?
Respondeu-me:
— Espero alguém
que não sei como se chama.
Depois calou-se.

E passa os dias a dizer cheia de pena:

— Quando virá o amado desconhecido?
Quando o conhecerei para sempre?






Rabindranath Tagore,
in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões



Um comentário:

  1. VIM POR CAUSA DAS IMAGENS E CHEGANDO AQUI ME APAIXONEI PELO SEU BLOG, LINDO DEMAIS, PARABÉNS ALMA SENSÍVEL, BEIJOS LUCONI

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