Como se faz um herói
Talvez um herói se faça com umas gotas de amor, idealismo e uma grande vontade de promover o bem.
Ao menos para o jovem britânico Nicolas Winton a fórmula foi essa.
Tudo começou no ano de 1938, quando ele tinha somente 29 anos e viu cancelado seu plano de férias de final de ano. Atendendo ao convite de um amigo, ele foi para a Tchecoslováquia. O que Winton viu o deixou estarrecido.
Eram milhares de refugiados desesperados que tinham que deixar o país rapidamente.
De imediato ele percebeu que deveria fazer algo por eles. E fez.
Teve a ideia de retirá-los daquela terra, já sob o poder da Alemanha nazista.
Por conta própria, escreveu a vários países pedindo ajuda. Organizou uma primeira lista de nomes e recebeu resposta positiva da Suécia e da Grã-Bretanha.
De volta ao seu país, conseguiu o apoio de organizações beneficentes e encontrou pessoas dispostas a adotar os refugiados.
Também obteve os recursos necessários para o transporte e quando o primeiro trem chegou à Grã-Bretanha, lá estava ele, na plataforma, para a recepção.
Foram salvas 669 crianças por esse jovem. Crianças que se transformaram em escritores, engenheiros, biólogos, cineastas, construtores, jornalistas, guias turísticos.
Todos adultos generosos, que adotaram crianças, trabalham como voluntários, fazem o bem, como gratidão pelas suas próprias vidas.
Infelizmente, lamenta Nicolas, um novo grupo com quase 200 passageiros não pôde partir para a liberdade, porque no dia 1º de setembro de 1939 eclodiu a guerra.
Todos os meios de transporte foram bloqueados e os que não conseguiram sair, foram enviados aos campos de concentração.
Dizem que quem salva uma vida, salva a Humanidade. Que se pode dizer de alguém que salvou mais de 600?
Mas, um herói não para depois de um ato heroico. E, por isso, Nicolas tornou-se voluntário da Cruz Vermelha, na França, durante a guerra.
Trabalhou posteriormente nas Nações Unidas e, ao se aposentar, dedicou-se exclusivamente ao trabalho voluntário.
Vivendo no interior da Inglaterra, ele cuida do seu jardim e ainda usa o tempo para ajudar um asilo.
Não se considera um herói porque diz que fez o que todos consideravam impossível, simplesmente porque o seu lema é: Se não é obviamente impossível, deve haver uma maneira de fazer.
Discreto, nem à esposa com quem se casou em 1948, ele narrou o que fizera.
Foi em 1988 que o fato se tornou conhecido e ele passou a receber homenagens do Governo tcheco, da Rainha da Inglaterra, dos Estados Unidos e dos que foram salvos por sua atitude heroica.
Sua vida, seus méritos e a operação de resgate estão contidas na biografia escrita por nada menos do que uma das crianças que ele salvou: Vera Gissing, que o conheceu nos seus 80 anos de idade.
* * *
Um herói se faz com umas gotas de amor, idealismo e uma grande vontade de promover o bem.
Redação do Momento Espírita,
com base em fatos da vida de Nicolas Winton
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