sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Escultores de almas (Redação do Momento Espírita)



Péricles foi um célebre orador e estrategista que governou Atenas de 460-430 a.C., e ficou conhecido na história como a maior figura política daquela cidade.

Estimulou as artes e a cultura, realizou grandes construções como o Partenon, templo pagão de insuperável perfeição arquitetônica e riqueza escultural de Atenas.

Certa feita, promoveu uma grande festa em homenagem à beleza da cidade de Atenas, para a qual mandou convidar todos aqueles que, de alguma forma, haviam contribuído para que a cidade ficasse tão bela.

Avisado que os convidados já estavam presentes, Péricles lançou seu olhar sobre os salões e notou escultores, pintores, arquitetos, políticos, mas não percebeu nenhum pedagogo.

Chamou seus assistentes e lhes perguntou por que os pedagogos não estavam ali. E eles responderam: Porque não foram convidados, senhor. Afinal, não deram nenhuma contribuição para embelezar Atenas.

Então Péricles ordenou: Vão convidá-los imediatamente para a festa, pois são eles que embelezam as almas dos atenienses.



Interessante pensar no que isso significa.

Importante refletir sobre o que significa ter o poder de esculpir nas almas daqueles que se dispõem ao aprendizado, à reflexão sobre os valores, as virtudes, o sentido da vida.

E nesse contexto podemos dizer que os professores são escultores de almas, sim.

Um dia um professor aposentado, alma sensível e dedicada, competente e estudioso, estava sendo entrevistado e lhe foi pedido para que falasse um pouco sobre sua maior produção literária, pois também é escritor, e ele falou com sabedoria:

Minha maior produção são os meus alunos.

De fato, quem tem acesso a um ser humano, numa sala de aula, predisposto a receber lições, poderá deixar uma grande e nobre produção.

Trabalhar com as mentes e os corações é algo de valor inestimável.

E como o professor também é um ser inacabado, a experiência numa sala de aula pode e deve ser uma grande oportunidade de ensinar aprendendo e aprender ensinando.

No cômputo final, o resultado será uma grande experiência conjunta que faculta a ambas as partes momentos de embelezamento mútuo.

Se você tem o elemento humano sob sua responsabilidade, lembre-se da importância dessa nobre tarefa e seja um artista dedicado a embelezar as almas dos seus educandos, pois é de almas belas e nobres que a Humanidade precisa.

* * *

Você, que é professor, antes de iniciar a sua aula, olhe para os rostos que estão à sua frente e lembre-se de que são almas prontas a absorver suas lições.

E não serão somente as instruções formais que irão captar, mas, acima de tudo, essas almas absorverão suas vibrações de amor, dedicação e entusiasmo com que se dirige a todos.

Afinal, ensinar é uma arte que requer mais do que simplesmente transferir informações.

É a sabedoria de criar possibilidades para que cada aluno se produza e se construa a si mesmo com os elementos de reflexão que recebe do seu mestre.

Pense nisso, e seja um bom escultor de almas.


Redação do Momento Espírita,
sob inspiração de uma fala de Sandra Borba Pereira,
em Curitiba-PR, no dia 12/03/2005.




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