sábado, 9 de outubro de 2010

AMOR, quantos caminhos até chegar a um beijo... (Pablo Neruda)




II

AMOR,  quantos caminhos até chegar a um beijo,
Que solidão errante até sua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
Juntos desde a roupa às raízes,
Juntos de outono, de água, de quadris,
Até ser só tu, só eu juntos.

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
A desembocadura da água de Boroa,
Pensar que separados por trens e nações

Tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
Com todos confundidos, com homens e mulheres,
Com a terra que implanta e educa os cravos.


Pablo Neruda (Cem Sonetos de Amor)