Uma voz chama por mim,
ora se aproximando, ora se distanciando.
Costurando o ébano da noite,
entrecortada,
uma voz chama por mim.
Levanto os olhos e ouço atento,
através do furor da ventania,
uma triste e meiga voz que insiste.
Oh, é o grande amor
que Deus reservou para mim!
Sim, é a voz que me chama!
Meu coração sente-se afogueado de paixão.
Com os olhos chamejantes,
arregalados e fixos,
enfrentando o vendaval da noite,
eu corro sem parar, sem parar...
Quem me chama? Onde está?
As ramagens uivam
ao furor do vento.
Mesmo que na noite escura
me surpreenda uma emboscada,
ou numa noite fria da cidade,
ou do campo,
meus pés descalços sejam feridos
pelos espinhos ou cacos de vidro
e jorrem sangue no caminho,
nada me amedronta.
Eu corro como um possesso.
Uma paixão arrebatadora
queima o meu coração.
Emiko Hinonishi
Obs.: Trata-se do meu poema mais amado que compartilho com todos...